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COSMOGONIA

"Desde que o mundo é mundo, toda cultura, toda religião desenvolveram teorias e mitos sobre a origem do universo. A esses relatos da criação, em geral muito ricos em símbolos, dá-se o nome de cosmogonias. A irrupção do ser para fora do nada não pode, contudo, ser objeto da história por ser, por definição, sem testemunhas. Sua causa primeira é também intangível e incognoscível. A única realidade que se pode perceber é o fruto da criação, a criatura, e não a própria criação. Toda cosmogonia, de tal forma, aparece e se estrutura a partir da observação e da compreensão dos efeitos tangíveis, e não da causa primeira. O CEVE  nos legou um sistema cosmogônico abrangente e, ao mesmo tempo, facilmente compreensível. É o Xirê dos Orixás, nome que se utiliza para designar esse mapa das origens do mundo elaborado a partir da combinação de informações oriundas da sabedoria das entidades espirituais em conjunto com experimentos da ciência moderna".

Os elementos da natureza, suas leis e processos, são peças de base que permitiram a criação do Xirê. Coerente com seus princípios cosmogônicos, o CEVE instituiu a Natureza como seu Livro Sagrado. Nela são feitas as leituras da Vida, e os "encontros" com Deus acontecem pelas vias da percepção.

 

Quando foi fundado, em 2005, o CEVE vislumbrava a criação do mundo com base nos ensinamentos católicos. Na ocasião, ouvia-se a Palavra de Deus segundo a visão de fervorosos sacerdotes. Posteriormente, com a compreensão do Xirê dos Orixás,  foi estimulada a Ver e a Perceber a Palavra de Deus manifestada nos diferentes fenômenos da Natureza. As transformações que a cada instante acontecem nos rios, nas florestas, na migração dos pássaros, nas reproduções dos animais, nas estações e seus efeitos, na maneira como as coisas são construídas e "destruídas" para serem reconstruídas numa outra dimensão, de forma inteligente e sem pressa, representam a base de sustentação da doutrina do CEVE. Quando associamos a Sabedoria da Natureza à Luz do nosso conhecimento, recriamos o Mundo. O CEVE não comunga com a idéia de que o homem reinará sobre os pássaros, os peixes e os animais.

 

A filosofia do CEVE, prega o respeito mútuo entre todas as formas de vida que habitam nosso planeta. A prepotência humana não tem colaborado muito com a estabilidade do universo e o bem estar do próprio homem.

 

O Xirê do CEVE reconhece nos quatro Elementos (Fogo - Terra - Água - Ar) e nas combinações de suas dezesseis variantes (Elegbara - Ogum - Oxumarê - Xangô - Obaluaiê - Oxossi - Ossãe - Obá - Nanã - Oxum - Iemanjá - Ewá - Iansã - Tempo - Ifá - Oxalá ) as forças e energias básicas responsáveis pela composição da Vida e sua dinâmica no mundo das formas.

 

Na concepção do CEVE, tanto os Elementos como suas dezesseis qualidades, são forças e energias da natureza que, por efeito da antropomorfia, transformaram-se em Orixás. Do ponto de vista religioso, esta é uma visão simplista demais para tratar um assunto tão complexo e que envolve tradições milenares com influências culturais que antecedem ao próprio Brasil.

 

Entretanto, é oportuno frisar que no Brasil os Orixás são cultuados dentro dos seus costumes e tradições. O Xirê do CEVE resgata a história de um povo que construiu uma nação com a libertação da alma

 

O advento da rede mundial trouxe para o homem moderno um novo conceito sobre a arte de se comunicar. Nos primórdios do Tempo, a transmissão oral era restrita aos que habitavam a mesma aldeia. A natureza nômade, cada vez mais enfraquecida com o despertar da consciência comunitária, deu lugar às grandes concentrações étnicas e a formação de costumes e tradições herméticas. Com o avanço da navegação marítima, teve início a grande investida intercontinental do Homem. Surgiram os primeiros indícios das miscigenações e, tal qual uma forma primitiva de globalização, propiciou intercâmbios importantes para a evolução das relações humanas e o desenvolvimento sócio cultural de toda a humanidade. Não quero adentrar ao mérito ético dos métodos utilizados para criar esses intercâmbios, e nem julgar seus padrões morais. Pretendo apenas demonstrar que as misturas culturais também são capazes de influenciar e alterar o sentido das palavras.

 

Isto significa que todo mecanismo de comunicação, por mais eficiente que seja, como é a Rede Mundial de Computadores, dependerá, sobretudo, da precisão filosófica contida nas palavras migrantes. Termos migrados da Holanda para o Nordeste brasileiro, palavras africanas migradas para Cuba são alguns exemplos da miscigenação dialética. Uma população, constituída a partir de diferentes dialetos, como é a Umbandista praticada pelo CEVE, necessita estar atenta às diferentes interpretações dadas a cada termo utilizado em sua liturgia. Por esse motivo, decidimos iniciar nossos encontros mensais com um tema básico: o significado das palavras adotadas e interpretadas segundo o CEVE.

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